quarta-feira, 11 de abril de 2012

Um rascunho sobre o PAC


Um rascunho a ser trabalhado:

A experiência que estou vivenciando no PAC me fez repensar diversos conceitos já predefinidos, mudando minha perspectiva sobre alguns e reforçando o que já pensava sobre outros. Apesar de ter tido o privilégio de fazer duas graduações bastante relacionadas com o assunto, Ciências Sociais e Gestão Pública, confesso que analisava diversos desses aspectos sob o ponto de vista do senso comum.
Sobre aqueles aspectos que me fizeram repensar, posso citar:
 1. Parece muito óbvio dizer isso, mas não posso deixar de citar: Maringá tem muitas pessoas pobres. Das cerca de 2000 famílias com quem tive contato, pelo menos 80% sobrevive com menos de dois salários mínimos, tendo que, com esses parcos recursos, pagar aluguel, água, telefone, energia elétrica, alimento para eles e seus filhos (lembrando que com seus salários eles também deveriam ter direito ao lazer);
 2. Em sua maior parte os indivíduos dos bairros mais carentes de Maringá trabalham muito, se esforçam, mas seus salários são terrivelmente baixos. Falta de acesso à educação e falta de oportunidades colaboram com isso. Minha concepção equivocada de que esses indivíduos esperavam vida fácil caiu por terra. Mas sobre isso falarei mais adiante;

Entretanto, alguns conceitos permaneceram e foram ratificados pelo contato com a realidade:
 A. As Construtoras fazem mesmo o que querem. Eles recebem com pontualidade da Prefeitura, mas o serviço prestado é simplesmente vergonhoso. No caso das casas do PAC, depois de prontas, quase todas tiveram vazamento nos telhados quando da primeira chuva; metade das entradas de energia foram feitas fora do padrão da Copel, o que ocasionou atraso na entrega das casas e resserviço, e ainda a instalação inadequada de encanamento proporcionou vazamento em diversas casas. Me pergunto se serão punidos de alguma forma por todos esses transtornos causados à população que seria beneficiada;
 B. Os Centros de Referência de Assistência Social (CRAS) estão muito longe de funcionar como deveriam. As famílias que mais necessitam não tem sequer acesso à informação, por isso não fazem ideia dos benefícios aos quais tem direito. Os profissionais da área deveriam ir mais a campo encontrar essas pessoas, deixando o trabalho administrativo para pessoas contratadas e qualificadas para tal. Corrigir esse grave erro seria uma boa proposta para os futuros candidatos a prefeito, assim como fiscalizar seu funcionamento seria uma importante ação dos futuros vereadores;
 C. Continuando o que comecei no ponto 2, diferentemente daqueles que se esforçam para sobreviver, há também um grande número de indivíduos que deseja, sim, viver às custas do Estado, encontrando de forma artificiosa as maneiras de serem beneficiados pelo maior número possível de programas, mas vivem insatisfeitos com o que recebem. Não fazem ideia de que pessoas tão pobres quanto eles pagam seus impostos para que eles sejam beneficiados, sem praticar o mínimo esforço.
            Para que haja, de fato, um avanço social é preciso que se repense o que são políticas públicas. É preciso pensar o assunto de forma mais ampla, tentar incluir os que não tem acesso, fiscalizar os que recebem benefícios, sobretudo, tratar os indivíduos com menor acesso a recursos financeiros não como coitados, mas como cidadãos que devem ter assegurados seus direitos fundamentais. Ora, no aspecto da cidadania, é inviável cobrar desses indivíduos que ajam de certa forma para terem assegurados seus direitos e ao mesmo tempo permitir que um prestador de serviço, pago com dinheiro de todos, não cumpra de forma prevista em contrato, nós é absurdamente incoerente e incompatível com a democracia.

Nenhum comentário: