Um
rascunho a ser trabalhado:
A
experiência que estou vivenciando no PAC me fez repensar diversos conceitos já predefinidos,
mudando minha perspectiva sobre alguns e reforçando o que já pensava sobre outros.
Apesar de ter tido o privilégio de fazer duas graduações bastante relacionadas
com o assunto, Ciências Sociais e Gestão Pública, confesso que analisava
diversos desses aspectos sob o ponto de vista do senso comum.
Sobre
aqueles aspectos que me fizeram repensar, posso citar:
1. Parece muito óbvio dizer isso, mas não
posso deixar de citar: Maringá tem muitas pessoas pobres. Das cerca de 2000
famílias com quem tive contato, pelo menos 80% sobrevive com menos de dois salários
mínimos, tendo que, com esses parcos recursos, pagar aluguel, água, telefone,
energia elétrica, alimento para eles e seus filhos (lembrando que com seus salários
eles também deveriam ter direito ao lazer);
2. Em sua maior parte os indivíduos dos
bairros mais carentes de Maringá trabalham muito, se esforçam, mas seus salários
são terrivelmente baixos. Falta de acesso à educação e falta de oportunidades
colaboram com isso. Minha concepção equivocada de que esses indivíduos esperavam
vida fácil caiu por terra. Mas sobre isso falarei mais adiante;
Entretanto,
alguns conceitos permaneceram e foram ratificados pelo contato com a realidade:
A. As Construtoras fazem mesmo o que querem.
Eles recebem com pontualidade da Prefeitura, mas o serviço prestado é
simplesmente vergonhoso. No caso das casas do PAC, depois de prontas, quase
todas tiveram vazamento nos telhados quando da primeira chuva; metade das
entradas de energia foram feitas fora do padrão da Copel, o que ocasionou
atraso na entrega das casas e resserviço, e ainda a instalação inadequada de
encanamento proporcionou vazamento em diversas casas. Me pergunto se serão
punidos de alguma forma por todos esses transtornos causados à população que
seria beneficiada;
B. Os Centros de Referência de Assistência
Social (CRAS) estão muito longe de funcionar como deveriam. As famílias que
mais necessitam não tem sequer acesso à informação, por isso não fazem ideia dos
benefícios aos quais tem direito. Os profissionais da área deveriam ir mais a
campo encontrar essas pessoas, deixando o trabalho administrativo para pessoas contratadas
e qualificadas para tal. Corrigir esse grave erro seria uma boa proposta para
os futuros candidatos a prefeito, assim como fiscalizar seu funcionamento seria
uma importante ação dos futuros vereadores;
C. Continuando o que comecei no ponto 2,
diferentemente daqueles que se esforçam para sobreviver, há também um grande
número de indivíduos que deseja, sim, viver às custas do Estado, encontrando de
forma artificiosa as maneiras de serem beneficiados pelo maior número possível de
programas, mas vivem insatisfeitos com o que recebem. Não fazem ideia de que
pessoas tão pobres quanto eles pagam seus impostos para que eles sejam
beneficiados, sem praticar o mínimo esforço.
Para que haja, de fato, um avanço
social é preciso que se repense o que são políticas públicas. É preciso pensar
o assunto de forma mais ampla, tentar incluir os que não tem acesso, fiscalizar
os que recebem benefícios, sobretudo, tratar os indivíduos com menor acesso a
recursos financeiros não como coitados, mas como cidadãos que devem ter
assegurados seus direitos fundamentais. Ora, no aspecto da cidadania, é
inviável cobrar desses indivíduos que ajam de certa forma para terem
assegurados seus direitos e ao mesmo tempo permitir que um prestador de
serviço, pago com dinheiro de todos, não cumpra de forma prevista em contrato,
nós é absurdamente incoerente e incompatível com a democracia.
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